segunda-feira, 23 de novembro de 2015

MAGOS, POETAS


Queria transmitir o que sei aos mais novos. Mas raramente estou com eles. Nem sei bem o que eles pensam. Queria transmitir-lhes que esta via não é única nem irreversível. Que, dentro de nós, existem forças maravilhosas, forças que nos elevam, que fazem de nós poetas, magos, criadores. Que o mundo de todos os dias, das obrigações, do trabalho não é o único. Pelo menos alguns de nós somos capazes de superar esse mundo porque somos enviados dos céus e podemos construir o céu na terra. Temos capacidades mentais prodigiosas. Não as desperdicemos.

domingo, 15 de novembro de 2015

COMPRA E VENDA

Eles andam por aí como macacos. Saúdam-se, cumprimentam-se. Dizem umas graçolas. Compram e vendem. Assim existem. Não lêem. Não evoluem. Repetem os dias, os comportamentos, as ideias. Reproduzem as ideias que lhes vendem. Não têm pensamento próprio. Macaqueiam. Arrastam-se. Pagam. Compram. Vendem. Mexem no dinheiro. Propagam a espécie. Reproduzem-se. Passam o Natal, a Páscoa, o Ano Novo. Falam. Conversam. Mexem no telemóvel. Comem. Bebem. Mijam. Cagam. Dormem. Fodem. Compram. Vendem.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O PASSOS CAIU

O governo Passos/Portas caiu. Finalmente. É tempo de festejar. De sair à rua. Os fascistas e os ultra-liberais foram derrotados. Em princípio teremos o governo de esquerda ou o governo PS com o apoio da esquerda. Não deixam de ser tempos históricos estes. São barreiras que se quebram. Quanto a mim, sou colocado num estudo de Nelson de Oliveira no Brasil ao lado de nomes como Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto ou Adília Lopes. As coisas rolam. O poeta maldito que vai aos bares vomitar poesia. De facto, cometi os meus erros mas concluo que, ao longo destes anos, fui tendo razão. Falta-me ter uma coluna num jornal aqui de Braga, ser lido por esta gente boa aqui n' "A Brasileira". Sim, efectivamente as minhas ideias hoje fazem todo o sentido. Sou marxista libertário. Merda. O Passos caiu. Vamos festejar, Gotucha. Dançar noite fora. Aqui em Braga reino. As pessoas são amáveis, vivas. As miúdas são bonitas. Espero a Gotucha. Bebo. Chamo o Marques. Sou poeta. Poeta-vidente, segundo diz o Nelson de Oliveira. Ando à solta. Tantas noites. Tantas vidas. As lojas lá fora. O Passos caiu. Apetece-me celebrar. O país está em chamas. Tanto tempo à procura. Tanto tempo, loucura. "Queimai o Dinheiro" é um marco. "Queimai o Dinheiro" é um livro satírico, profético, que fala de sexo e de revolta. Em certa medida, os dois próximos livros voltam um pouco lá. Tenho de agradecer ao Ricardo e à Adriana, à Corpos. Hoje estou feliz aqui em Braga n' "A Brasileira". Que é feito de ti, Fátima? Que é feito das duas Fátimas? Nunca mais as vi. Não há dúvida que me começo a sentir mais solto. Não há dúvida que começo a sentir mais poder. O poder está na rua. Reclamemos a vida...agora! É em Braga que vai nascer a revolução. Acabaram-se os espartilhos. Acabou-se a castração. Agora somos livres, Gotucha. Podemos dançar noite fora. Celebremos com Dionisos e com as bacantes. Ah, Jaime, ah, Pacheco, se estivesses aqui a beber à minha mesa! Ah! Eles começam a tremer. Ah! Olha as mulheres belas. Podem ser nossas. Não são mais dos gajos da nota. Ah, como reino. Ah, como rio. Ah, como sou tão louco. Ah, como tudo é meu. Sim, posso recomeçar a abusar. E eu vou abusar. Não há limites. Vem aí a puta da revolução, senhores. Isto vai arder a sério. E eu vou gozar. Ah, se vou gozar. O Passos caiu. O reino está próximo.