quinta-feira, 24 de setembro de 2015

DE DALI

Já tive acesso aos media locais, regionais e nacionais. Falta-me talvez uma SIC, uma TVI. De qualquer modo, julgo que, sem ser um político tradicional, tenho coisas a dizer que muitos não dizem. Claro que tenho os meus mestres. Claro que me baseio em Guy Debord, Raoul Vaneigem, Marcuse, Sartre, Erich Fromm, Aldous Huxley, Agostinho da Silva, Nietzsche, Platão, Bukowski, Henry Miller ou Jim Morrison. Todavia, vejo, pelo menos aqui em Portugal, muitas poucas pessoas defenderempublicamente ideias semelhantes às minhas. E, no entanto, estou convencido de que tenho razão. Posso nem sempre defender-me da melhor forma. Posso nem sempre ter a retórica. Mas, porra. Eu tenho andado inclusive por estradas erráticas, eu tenho procurado a iluminação em copos de cerveja mas eu não sou, nunca fui um vendido, um convertido ao sistema. Por isso não sei o que esses escritores que inventam umas historiecas têm a dizer a mais do que eu. Não sei realmente o que as pessoas vêem neles. Não sei que luz, não sei que bênção os distingue de mim. Eu que já atravessei para o outro lado, que me julguei Deus e o Diabo, que tive visões e iluminações, que percorri o deserto. Não, não é a esses que me devo comparar. Eu sou dos mestres. Eu procuro o infinito. Há coisas que ainda me prendem à terra, nomeadamente a política, mas eu sou do surrealismo de Dali, das vacas voadoras, dos relógios pendurados nas árvores. Sim, há uma válvula no meu cérebro que se solta e então eu fico doido, não tenho limites. Talvez ainda não tenha sido capaz da grande criação, da louca criação. Contudo, sei que faço parte dos eleitos. Por isso acho muita desta gente, a começar pelos políticos lavadinhos, absolutamente limitada e quadrada. Porque não explode, porque não arde, porque não vibra. Porque realmente não transgride, nem conhece, nem quer conhecer o outro mundo. Ficarão sempre agarrados às posses, ao dinheiro, ao trabalho forçado e ao tédio. Nunca experimentarão a novidade, o inesperado, o diferente. Nunca apanharão a grande bebedeira. Por isso são diferentes de nós e daqueles que sigo. Por isso nunca sairão da mediania.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

UMA NOVA LUZ

Uma nova luz que brilha. A mente que se abre, que cria. Não preciso mais de vós, ó merceeiros. Sou a criança eterna. Andais para cima e para baixo e eu com a Gotucha. O mundo interior encontrou a beleza. Já não preciso de procurar os media. Sou uma espécie de profeta. Dirijo-me ao mundo. Há dilúvios em mim. Solto os fantasmas. O homem é muito mais do que a "realidade". O homem é explosão, é ideia. Não preciso escutar as vossas conversas. Não quero ser normal. Teria vergonha. Sou tão diferente de vós. Tenho os meus companheiros, as minhas companheiras. Estou irmanado com a loucura. Não me apetece a vossa "realidade". Não me apetecem as vossas obrigações e sacrifícios. Escrevo livremente. Crio. Falo da vida nova. As portas abrem-se para o Grande Meio-Dia. Sim, eu era diferente. Eu falava pouco. Eu observava. Depois abandonei o rebanho. Segui o caminho que conduz a mim mesmo. E realmente há coisas em que deixei de alinhar. E realmente há coisas que recuso fazer. E realmente não vou atrás da manada. E realmente vou chegar onde quero.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

VIM SER O POETA

Não sou da mesma espécie dos politiqueiros, dos banqueiros, dos empresários, dos especuladores. Não ando para aí a enganar, nem a roubar, nem a explorar, nem a escravizar. Nem tão-pouco me identifico com os competitivos, com os corredores, com os merceeiros. Vim para experimentar, para criar, para conhecer, para amar. Vim para pisar livremente a Terra. Vim de graça e para a graça. Não suporto mais o tédio imposto. Vim celebrar noite e dia. Vim ser o poeta.

domingo, 6 de setembro de 2015

MaMi Mutamba

O que há de mais belo,nos teus peitos ao alto,gritando aos céus,com despojo sincero?

Se teu leito foi tão puro,meu amor tão terno!

O que há de mais belo,teu olhar tão castanho,doce,materno?

Se teu corpo foi obra do Divino Sagrado,profundo âmago e eterno!

O que há de sincero,na tua voz e gemido,no surto do teu ego?

Se tuas entranhas foram porta de entrada de espermas de Homero!

O que há de louco e singelo,nos teus instantes de gozo e de dor,flagelo?

O que há de locura no teu ar pleno e belo?


O teu corpo que desejo e como obra de arte venero!

O que há de louco ?

O que há?

O que há?

O que há?


O teu desejo e sede de vida ou meu pensamento?

  Sobrevoando da cabeçae ao infinito, à surtar?

O que há ?

Em LOUCURAR me Te????

ESQUIZOFRENIA

Mesmo que não entenda certos textos mais herméticos sinto-me a caminho de fazer a síntese. Com efeito, creio que estou próximo de construir um sistema de ideias, uma filosofia própria. Esta mescla do pensamento, com os livros e com a realidade resulta nisso. Não escondo que na cidade as conversas são mais ricas e variadas, se bem que haja grupos fechados que impedem a comunhão, o diálogo com o desconhecido, a celebração. Parece-me até que estamos num estado de esquizofrenia, com crimes hediondos a torto e a direito, com a desumanidade com que são tratados os migrantes, com os media a fazer de nós atrasados mentais, com o Estado Islâmico a destruir tesouros da Humanidade, com os banqueiros, os agiotas, os especuladores, as grandes corporações, os políticos corruptos a facturar, com a depressão e o suicídio a aumentar a olhos vistos. Tudo isto é de loucos. Tudo isto tem que ser discutido na praça pública. O mundo é nosso. Não é deles. Temos de repensar o homem. De voltar ao início. Ao xamã que comunicava com os espíritos. Sim, existem espíritos em nós. Somos muito mais do que o quotidiano, do que o dinheiro, do que a compra e venda a que nos querem reduzir. Inventámos deuses. Somos também hybris, loucura. Procuramos o infinito e o céu na Terra. Eles é que querem roubar-nos os sonhos, reduzir-nos os horizontes. Transformar-nos em mercadorias. Eles é que querem roubar-nos a vida. Pois é pela vida que me bato. Pela vida enquanto festa, conhecimento, criação. Todavia, vejo ainda muita confusão nos meus semelhantes. Muitos ainda estão na caverna de Platão a comentar as sombras. Não questionam o trabalho, nem o dinheiro, nem o mercado. Vêem o capitalismo como uma inevitabilidade. Mas, enfim, como pensador, como poeta, compete-me esclarecê-los, entrar nas conversas, provocar. Uma parte importante deles já não terá salvação. Ainda assim insisto.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

NÓS NÃO VAMOS NA CANTIGA

São tão limitados e imbecis os nossos politiqueiros. Passos Coelho e António Costa têm uns números na cabeça, alguma retórica e pouco mais. Não há uma ideia de fundo de sociedade, uma filosofia, um ideal. São como os patetas que nos bombardeiam todos os dias pela TV. Pensam que somos atrasados mentais. Pensam que não sabemos que existe uma máquina que controla, que faz lavagens ao cérebro, que fabrica "felicidade". Pensam que somos carneiros como os outros, que aceitamos tudo passivamente, que não sabemos que eles nos põem uns contra os outros na arena enquanto eles acumulam, que desde a escola que competimos, que nos querem a consumir alegremente. Pensam que não sabemos que nos querem no mercado a vender-nos a nós mesmos como mercadorias, pensam que não os queremos derrubar, que nem sequer os pomos em causa, que somos uns patetas. Pensam que não lemos Platão, Nietzsche, Marx, Stirner, Shakespeare, Kropotkine, Dostoievski, Rimbaud, Pessoa, Camus, Sartre, Marcuse, Bertrand Russell, Erich Fromm, Zizek, Edgar Morin, Chomsky, Agostinho da Silva, Henry Miller. Que não ouvimos Sócrates, Jim Morrison, Jesus. Pensam que andamos aqui a pastar. Que não temos ideias próprias. Pensam que nos levam. Pois estão muito enganados.