segunda-feira, 22 de junho de 2015

SOU TEU, ALLEN GINSBERG

Não há dúvida
o álcool
é uma droga
que influencia
a minha escrita
as palavras
saem mais
de jorro
nunca mais terei
de procurar emprego
ah!Ah!Ah!Ah!
Sou mesmo teu,
Allen Ginsberg
bebo e ardo
enquanto não me der
o treco
continuarei aqui
e produzirei
quem diz que os poetas
não produzem?
Platão no "Ìon"
dizia que éramos
enviados dos deuses
só espero
que estes fascistas
percam as eleições
ainda há gente de bem
neste mundo
gente que se entrega
às causas
não é só trabalho-casa
sim, César
sou do underground
mesmo que seja
de boas famílias
já tu o dizias,
Jaime
sinto que as mulheres
estão mais próximas
agora que tenho
algum cacau
é assim o destino
os freaks dirigem-se a mim
na rua
perguntam pelo candidato
o Tiago oferece-me cervejas
no Candelabro
em troca
ofereço-lhe poemas
subversivos
é assim a vida
assim deveria ser sempre
como em Braga
nos anos 80 e 90
as pessoas enchem as praias
atropelam-se umas às outras
de qualquer maneira
antes ficar a beber
no "Guarda-Sol"
na esplanada
ao fim e ao cabo
tive quase sempre razão
mesmo que a Poesia de Choque
vá ao ar
com o Olimpo
ao fim e ao cabo
a ideia estava certa
desde o PSR
desde o Feira Nova
agora estou aqui
li muitos livros
ouvi muitas canções
sou como tu, Jim
sou como tu, Nietzsche,
experimento-me
ah, coitados
não me chegam
aos calcanhares
há gente porreira,
claro,
gente que bebe
discute
e diz algo de novo
à parte isso
é tédio
sou teu, Allen Ginsberg,
digo poemas incendiários
não suporto a rotina
não tenho horas
sofro por causa da Gotucha
mas estou no bom caminho
faço o que quero
sou realmente livre
imensamente livre
absolutamente livre.
Vilar do Pinheiro, Vip, 21.6.15

quarta-feira, 17 de junho de 2015

DE REGRESSO À CIDADE

De regresso à cidade. Na cidade sempre há mais variedade e gente que fala de literatura. Além disso, há muitas mais mulheres bonitas. Mas a maioria não deixa de ser escrava do sistema monetarista. Obedece às leis do dinheiro e do lucro. Vende-se como mercadoria. Há recursos suficientes para uma nova sociedade, para vivermos sem dinheiro. A tecnologia, se bem utilizada, permite-o. Só temos de nos consciencializar que vimos todos das estrelas, que somos um só. Na sexta não fui capaz de unir. Gerou-se o caos graças aos provocadores. Terei de ser capaz de unir. Eu e outros. O mundo é nosso, não é deles. Temos sido um bando de cegos governado por imbecis, como disse Shakespeare. Temos sido submissos. E eles não passam de um bando de imbecis. Imbecis com poder e dinheiro. Devo prosseguir a minha luta. Com ou sem candidatura. Com as minhas falhas e as minhas limitações. Devo prosseguir a minha luta. Que é a luta de Platão, de Nietzsche, de Stirner, de Marx, de Bakunine, de Sartre, de Marcuse. Ninguém manda em mim. Sou o deus de mim mesmo. Não vos desprezo. Olho as mulheres bonitas. Queriam-me endinheirado. Vendi um livro. Elas passam no ecrã mas não são minhas. Só quando estiver bêbado e com dinheiro. Sempre o dinheiro. Não te consegues livrar dessa merda? Há também uns gajos de fatinho. Irritam-me esses burgueses. Nunca fui deles. Desci ao underground, ao beatnick, aos infernos do rock n' roll. E até posso estoirar dinheiro. Por enquanto. Porque raio não hei-de ser a estrela? A puta maldita? Que têm os outros? Que tenho eu? Porque sou diferente? Porque sempre fui diferente? Não, no meu mundo não haveria dinheiro. Ou então haveria dinheiro para todos por igual. Mais mulheres bonitas. Sem mulheres bonitas isto seria um pesadelo, já dizia o Lou Reed. Contudo, há gente repetitiva, estúpida. Há, se há. Se tivesse dinheiro ficaria aqui fino após fino e a questão é que vou ter. Habitua-te, pequeno. Habitua-te. Os tempos são teus. Os poderes tremem. Ah!Ah!Ah!Ah!

sábado, 13 de junho de 2015

Como Nietzsche oponho-me a tudo o que diminui a vida. O trabalho não livre, o sacrifício, o tédio, a obrigação. Proponho o brinde, proponho a festa permanente. Não aceito que me roubem o tempo. Sou poeta, escritor. A isso me dedico. No entanto, jurei combater com todas as minhas forças a máfia capitalista. Daí que não possa levar uma existência normal. Daí que as palavras sejam armas. Entreguei-me à causa. Estou realmente numa fase esplêndida. Estou em forma, como dizia o meu pai. O meu querido pai. Oxalá estivesse aqui. As coisas começam realmente a correr. Sim, amo a vida sem restrições. Amo a festa, a celebração. Mas vejo as pessoas escravizadas pelas horas, pelo trabalho, pelos chefes. Mesmo aquelas que têm alguma consciência. Vejo as pessoas longe do xamã, longe da liberdade, a cumprir tarefas como autómatos. É claro que muitas já não têm salvação. Fazem parte do rebanho. E depois intrigam umas contra as outras e contra nós intelectuais e artistas. No fundo, não atingem o nosso pensamento. Continuam de um lado para o outro atrás do dinheiro mas, no fundo, não ganham nada nem sabem o que querem. Estão confusos, perdidos. Mandam palpites. Permanecem presos à Terra sem horizontes a não ser os filhos para os quais desejam dinheiro e sucesso. Não há qualquer perspectiva de enriquecimento pessoal, de busca do conhecimento. É sempre a mesma merda. Nada de grandes pensamentos. Só negócio. Só interesse. Nenhum sentido da dádiva. Vai rareando o amor, a amizade desinteressada. Só vendilhões do templo. Só merceeiros. Tudo se compra, tudo se vende. Estás à venda no mercado. E os senhores acumulam milhões. Não é justo. Porque aceitais isto? Que drogas vos dão? A TV, as novas tecnologias. Que mundo cão. Não sei porque é que só se fala em economia quando estamos perante a máfia e a escravidão. Que sol, que alegria vedes nisto? O que vos faz continuar? O que vos faz continuar a levantar a manhã e a trabalhar para o papão? O dinheiro? O dinheiro vai-se. É uma ilusão. Que gente esta que caminha para a morte.

domingo, 7 de junho de 2015

ORFEUZINHO

Regresso ao "Orfeuzinho". Daqui a três horas vou ver a Patti Smith, uma lenda viva, a poeta do punk-rock. Aqui no "Orfeuzinho" há uma placa de homenagem ao Manuel António Pina, grande poeta e cronista. Parava aqui. Conheci-o pessoalmente. Quanto a mim, permaneço entre os vivos. Vou levando a minha avante, apesar do pouco dinheiro. Observo as pessoas. Na cidade sempre há mais variedade. Sou da cidade. Do movimento, das ruas, até dos carros e das sirenes das ambulâncias. Como Pessoa, como Mário de Sá-Carneiro escrevo à mesa do café. Já tenho um certo nome. Já dizem: olha o poeta! Ainda não escrevi a obra-prima, apenas a espaços. No entanto, agora posso-me sentir mais tranquilo, agora posso dedicar-me inteiramente à obra. Nunca mais terei de procurar outro trabalho. Sou poeta, escritor, diseur, cronista. Pronto. É essa a minha profissão, a minha missão. Contudo, devo falar mais, penetrar mais nos media, dirigir-me às pessoas. Devo perder a timidez. Tenho coisas a dizer ao mundo. Tenho de falar às mulheres belas. Dizer-lhes que há outra vida, outro caminho. Não as patranhas do economês e da austeridade. Não o salve-se quem puder e o capitalismo. Sim, outro homem, outra mulher, são possíveis. Não mais escravos, não mais macacos. Sim, temos o poder do nosso pensamento, das nossas ideias e do nosso coração. Se quisermos nada fará a nossa cabeça nunca mais. Estou aqui porque acredito. Estou aqui porque sou. Estou aqui porque sou o meu próprio deus. Não me calas, ó Passos! Não me calas, ó Cavaco! Não me calais, ó polícias! Não passais de um bando de imbecis. Só que nós que temos sido cegos, como avisou Shakespeare. Mas agora perdemos a vergonha, mas agora perdemos o medo. Agora somos nós os senhores..

sexta-feira, 5 de junho de 2015

ESCRAVOS

E as pessoas lá prosseguem a vidinha. Consomem. Trocam notas e moedas. Trocam palavras. Depois vão para casa consumir TV. Caminham alinhadas. Ainda têm sentimentos. Ainda não estão completamente mortas. Mas, na sua grande maioria, deixam-se dominar, controlar, governar. Deixam que o Governo e os capitalistas as governem em vez de se governarem a elas próprias. Deixam que outros decidam por elas. Muito raramente se revoltam. Têm medo dos papões e da peste. Não têm noção do poder que têm dentro delas próprias. Só celebram em dias marcados. Têm medo de se abrir ao desconhecido. Muitas delas levam uma vida de escravas, mesmo que ganhem algum dinheiro. Os patrões ocupam-lhes o tempo. Assim a vida não é vida.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

DO SUICÍDIO E DO CAPITALISMO

O ano passado suicidaram-se quatro agentes da PSP. Em 2011 registaram-se sete suicídios nessa mesma instituição. É claro que numa profissão sujeita a tal desgaste, numa profissão que pratica a repressão tais comportamentos acabam por não surpreender. Se passas a vida a dar ordens e a cumprir ordens é evidente que nunca serás uma pessoa saudável. Obviamente que isto não se aplica só aos polícias. Aplica-se a muitos chefes e chefinhos e aos outros que, infelizmente, passam a vida a obedecer. Claro que não podemos condenar o indivíduo pelo acto do suicídio. Segundo a Organização Mundial de Saúde, há cerca de 804 mil casos de suicídio no mundo por ano, o que se traduz num suicida a cada 40 segundos e a cada dois segundos numa tentativa de suicídio. O suicídio afecta principalmente os jovens entre os 15 e os 29 anos. "Como é possível que um ser chamado à vida, o dom mais precioso que existe no universo, possa buscar a eliminação da própria vida?", pergunta Leonardo Boff. A verdade é que a sociedade capitalista é, em si mesma, repressiva e castradora. Leva os indivíduos a atropelarem-se, a treparem uns para cima dos outros em busca do emprego, da carreira, do estatuto. Leva os indivíduos a dividirem-se em guetos, em classes, em hierarquias. Leva os indivíduos a invejarem-se e a lutarem pelo poder e pelo dinheiro. Leva os indivíduos à maldade e à mercearia. Leva a que a vida perca o sentido. Daí que odiemos a sociedade capitalista e a queiramos derrubar custe o que custar.

terça-feira, 2 de junho de 2015


Penso e escrevo quando observo e ouço-Súrtica Fico!

São todas(os) fina prata, do mais alto nível,Oh! Bonifácio.  

Não há nada a esconder ou a camuflar!

São Donas Belas Donas,Primas Donas!


São filhas de um ventre digno, que com certeza cuidou da terra e platou para comer, provavelmente são tão dignas como  a filha do doutor ou a nora do juíz.
Mas eles são os homens do colarinho branco e caminham a fazer peito alto, sempre a passar a mão na gravata ou a arrumar o sinto, como se fossem!

Parece que são intocáveis, parece que são soberanos.

Os ares  de talco pó de arroz, bem tratados, cara pálida!

As mãos são parecida com as mãos de um padre, de um pianista, de um violonista!

-Oh! Perdoa a minha "pseudomanianeurossistêmica", muitas vezes esqueço-me dos bons costumes, da ética, do protoloco, do acordo, dos desacordos, do lado A ou do lado BCD!

 Meus pensamentos são tão vagos e sem nexo, ainda assim, alguém consegue interromper o que ando a tirar da inteligência amorfa, e assim, deparo-me a observar a fina conversa de um doutor, que se posiciona como ético, que se acha de boa procedência familiar.
Mediante o  que ouço, faço o filme e me vejo como um verme perante aquele homem.

Será que sou um verme?
-Bahh!

Ao sentir me como uma bactéria, e ainda assim, consigo ativar a célula que despoleta o "mua pensamento", que retrata a minha indignação, ao criar o cenário do "senhor que manobra as leis".
O celular toca:
-Beautiful day....

O homem dentro daquele terno boss, preto e gravata  vermelha mássimo, tal e  qual um abutre de porta de prisa:

-O filho não é meu, sei lá, se vira nos trinta, ela que se dane!

O celular rasga no beco da avenida, ele ajeita a gravata:
-Beautiful daaaaayyy..uuuuu!

Enquanto o porteiro ou quem sabe o senhor do pão do outro lado:

-Ela esta caída nas escadas e parece que vai perder a criança!

O verme:

-Não volte a incomodar  ou você vai apodrecer na cadeia.

NEM ESTADO NEM POLÍCIAS

Na minha alma não há Estado nem polícias. Bailo no bosque com Dionisos e Zaratustra. Desejo as mulheres belas. A repressão não existe. Por isso sou eu próprio Deus. Não há políticos nem capitalistas. Tudo é livre, tudo é permitido. Posso embriagar-me noite fora. No meu cérebro não há impostos nem finanças. Tudo corre livre como nos risos da infância. O dinheiro não conta. Daí que vos olhe de cima. Já passei a fronteira. Já estou do lado de lá. Poucos me atingem. E vós que vos movimentais não passais de imagens, de criações minhas. Imitais-vos uns aos outros, trocais notas e moedas. Não estais no meu mundo.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Filhos da Rua

Estes jovens querem e fazem o que os pais, os amigos,colegas e sociedade lhe enfiaram Guela abaixo.
Certamente o pai ou  a mãe que é da elite ou do subúrbio, querem lhe proporcionar " o melhor", mas por acaso sabem o que é o melhor?
Um dia, não muito distante era bom ser um Escriba, pois não levariam com o sol na tola ou seriam os das "Lavouras", alguém dizia ao filho.
Hoje porém com tanta tecnologia, há quem pense que vai nascer comida no celular, na balada  e nos aparelhos em um passe de mágica.

Será que ainda existem pessoas se formando em plantadores de sementes?

Será que ainda existe o Senhor ou a Senhora que consegue ler o tempo da chuva, do plantio bom, da boa lua?

O que andamos a plantar dentro nos nossos filhos?

Plantamos "pães de minuto",portanto, não poderemos querer colher doces frutos!

Energúmenos, Esquizóides,Túzaros são os espermatozóides e óvulos que se encontraram e se encontram, fizeram e fazem às 3 pancadelas estes indivíduos.

Sóis vóz os santos!

Somos nós os tantos!

Somos de todos os cantos, quem os gerou em noite de desforra, em noite de madrugada fétida, de uma trepadeira de alguns minutos  e por uns trancos, trocos, um prato, um trato!

Pobre de nós!
Pobre de  Ti!
Pobre e Podre!
Pobre de Mim!

Pobre do Povo que tem que ir ao tribunal,para assumir o alimento mensal da cria que foi gerada na gafieira, no fank, na ladeira, no carnaval, na noite do quebra pau, na esquina ou casa da bebedeira.
Pobre de muitos que preferem sumir nos musseques ou atestar na  junta a pobreza de espírito.

O que estes "espermatohumanóides" poderiam ser?

O modelo projetado dos vossos, dos nossos atos, de uma noite na quebrada lambujeira.
Há quem continue a produzir este indivíduos, que não são filhos e sim obrigatórios rejeitos.
Quem são os produtores?
Quem são?
Quem são?????
Por que ainda há Progenitores?!;:,...#/0\