domingo, 30 de agosto de 2015

O SER E O TER

Spinoza considera que, em contraste com a crença actual de que as pessoas movidas principalmente pela avidez de dinheiro, posses ou fama são normais e bem ajustadas, essas pessoas são basicamente doentes. Na verdade, segundo Erich Fromm, aquele que é o que tem vive no medo de o perder. Tem medo dos ladrões, das reformas, das revoluções, da doença, da morte, e até do amor, da liberdade, da evolução, da mudança, do desconhecido. O ter, que predomina nas nossas sociedades, conduz à competição e à guerra entre pessoas e entre nações. O desejo louco de consumir, de adquirir mais e mais torna o ser humano num predador mas, ao mesmo tempo, num doente. Daí que se assistam cada vez a comportamentos esquizofrénicos, daí que as doenças mentais galopem e que a própria sociedade mercantil, com as suas bolsas e os seus mercados, dê sinais de senilidade. Felizmente, ainda existem muitas pessoas que privilegiam o ser em detrimento do ter. Pessoas desprendidas que se dedicam à leitura, à criação e ao conhecimento, pessoas que comungam do amor por uma ou várias pessoas, por uma obra de arte, por uma ideia. No fundo, são pessoas sãs que celebram a vida, sem estarem presas. Ou então pessoas que, na esteira de Aristóteles, se dedicam à vida contemplativa, isto é, à procura da verdade.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

FILOS-SOFOS

FILOS-SOFOS


Há pessoas de grande coração, de mente aberta, de grande generosidade. Mas há também pessoas mesquinhas, muito imaturas, inseguras. Não que sejam de todo más pessoas, no entanto julgo que ainda têm muito para aprender. E, claro, depois há os tubarões, os oportunistas, os que sacam de ti tudo o que têm a sacar. Isto para não falar dos idólatras do lucro e do dinheiro, dos heroinómanos do poder, dos predadores da finança. Há ainda os fracos, os humildes e os falsos fracos, os falsos humildes que desprezam o mendigo ou aquele que cai em desgraça. Muita gente diferente há neste planeta doente, neste país doente. Ao longo dos séculos, dos milénios, foi-se criando uma estrutura de poder, foi-se dividindo a sociedade em classes, não é como nos princípios em que éramos todos mais ou menos iguais, exceptuando o chefe da tribo e o feiticeiro. Mas raios, porque é que o Passos Coelho ou o Belmiro de Azevedo hão-de ocupar uma posição superior à minha? Não somos todos seres humanos? Porque raio há-de haver chefes e subordinados, exploradores e explorados, dirigentes e dirigidos? Bem sei que há uma História. Mas eu sou um homem lido e inteligente. Não me considero inferior a ninguém. Não tenho que obedecer às ordens de ninguém. Caminho livremente. Escrevo livremente. Não preciso de reis nem de presidentes. Sou rei de mim mesmo e isso basta-me. A verdade é esta: o poder impõe-se pela alienação e pelo medo. Quando vencermos o medo venceremos o poder. Mas, lá está. Neste momento há poucas pessoas realmente corajosas. Claro, poderíamos voltar à assembleia ateniense. Poderíamos discutir a cidade na praça. Cá está: o poder tem medo.
Há, sem dúvida, pessoas muito amáveis e prestáveis. Todavia, não sei até onde iriam numa situação de revolta. Tenho muitas dúvidas. A grande maioria acomodou-se e mesmo os pobres e os operários, em geral, não se revoltam, pelo contrário, até apoiam a situação. Restam-nos certos sectores da pequena burguesia e mesmo da burguesia: jovens, estudantes, intelectuais, professores, artistas, outras profissões intelectuais, etc. De qualquer forma, reafirmo-o, a situação é insustentável. O sistema é odioso. Mata o homem. Teremos sempre de voltar ao Maio de 68, a grande revolução, a grande insurreição. Teremos sempre de levar a imaginação ao poder. No entanto, concluo que ou esta gente permanece na ignorância ou então se acomodou ao conforto da casa, do carro, da televisão, da Internet, do telemóvel última geração. Esta gente, digo, uma grande parte desta gente. Pois sei que há gente consciente, que lê, que discute e que quer a festa permanente. Bom, hoje estou mais próximo de ser um "filos-sofos".

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Neuroprosas


Multipolares


Rainha da Noite


Rose Camaleoa


Vinho da Paz


Pura e Bela


Embriagada com a Chuva!

 Completamente embriagada de luz!

 Vestida de noite e com estrelas aos ombros.

 Bebo da fonte de Ulisses,mesmo sem saber se ele fez a barba ou não.

 Vestida me manta de  rosa vermelhas e coroa de flores frescas.
   Respiro o ar das montanhas de Tiradentes.
  Ouço os ventos das montanhas de Filipe dos Santos.
    Eu fico torpe, tão completamente embriagada de pensamentosque.
    Fumo meu pincel com  tinta vermelha a cobrir o corpo das minhas  Rainhas sem cabeças, com pele camaleônica.
     Embriago-me ao ver que hoje esta uma noite linda de Lua crescente.

     E não quero dormir ,porque que ouço os pingos e chuva no telhado.

     Convidanto -me para ir para a janela, ouvir e sentir o som  de cristal iluninando e perfumanto meus lírios amarelos.
 As roseiras brancas e puras!
   Fico bêbada, ao som da chuva e bem sei que  poucos fazem este ritual sagrado ,simplesmente ouvir e olhar a chuva.

 Eu sei que a terra molhada esta em festa, que todas as flores e borboletas estão celebrando.
 Embriago-me com o som dos ventos urográfricos.

Porque sei que vem vindo setembro,

 Vem vindo a Prima.

Vem vendo  a Primavera.

E vestirá os campos de cores, e os corações de amores!

Eu ,Poetisa da Fama

Eu,
A poetisa da fama.
A poetisa bendita,
Declaro, que  te chamo.
eu,
Que dou júbilos à Deus.
Que abençoei o
Sócrates!

Declaro, que te chamo!
eu,
 Que construo estátuas.

Que  gosto de  cavalos selvagens!

Declaro -te e chamo-te!

eu,

Que não tenho dinheiro,

Que gozei com todos os banqueiros.

Declaro-te e chamo-te!

 Eu,

Que fui ao céu, ao inferno e me perdi no Vilar do Paraíso!

Que deito fora os copos de bebida cara !

Que tenho multicérebos!

Declaro-te uma Guerra à favor da tua Paz!

Simone e Ivan Lins - Começar de Novo [2004] DVD

SIMONE e IVAN LINS | VITORIOSA | DVD 2005

sábado, 22 de agosto de 2015

REVOLUÇÃO OU MORTE!

Como afirma Guy Debord, o lema "a revolução ou a morte" já não é a expressão lírica da consciência revoltada, é a última palavra do pensamento científico. Com efeito, o capitalismo não é reformável. O sistema odioso da predação, da competição, da corrida para que o capitalismo evoluiu nos nossos dias, associado ao poder das grandes corporações, dos bancos, da finança não tem cura dentro de si mesmo por muito que falem e façam os Syrizas, os PCP's, os Blocos de Esquerda. A única alternativa é, de facto, a revolução, a subversão total do sistema. Mesmo que sejamos poucos temos que acreditar. Não é mais possível viver numa sociedade onde o suicídio avança, tal como a pobreza e a miséria, numa sociedade de desigualdades gritantes, onde há um crescente mal-estar, onde o tédio e as doenças mentais são o pão-nosso de cada dia, onde os próprios sentimentos, o amor, a amizade caem na esquizofrenia. Não, eles estão a assassinar o homem. Roubam-nos a liberdade, o tempo e a vida. Impedem-nos de celebrar, de viver a vida. Não podemos permitir. É a nossa vida que eles jogam. Expulsemos esses fascistas da vida!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

EU, O POETA INFAME

Eu,
o poeta infame
o poeta maldito
declaro que te amo
eu,
que insultei Deus
que amaldiçoei
o primeiro-ministro
declaro que te amo
eu,
que derrubei estátuas
que incendeei carros
declaro que te amo
eu,
que queimei o dinheiro
que escarrei nos banqueiros
declaro que te amo
eu,
que estive no céu e no inferno
que bebi até cair
que rebentei o cérebro
declaro que te amo.