O mais importante é a gratidão e
compaixão!
O mundo esta carente
de pessoas com ouvidos de luz, esta carente de pessoas com afeto cuidado.
Poucos são aqueles que
caem aqui e que são normais para compreender as vidas ,
as loucuras, o desespero para conseguir um copo com água, uma cama limpa e
quente, um abraço ao fim do dia.
Mais complicado ainda
é conseguir entender que há muitas pessoas que tem muita estabilidade
financeira, emprego, saúde e tudo na zona de conforto e já nada fazem de novo,
nem se quer sonham coisas melhores e com uma gama de potencialidades nas mãos.
Quem sempre esteve
entre o limiar e conquista de um dia de estabilidade, quem já nasceu em crise,
viveu na crise, vive na crise, sobrevive na crise não consegue viver na zona de
conforto, porque nunca lá esteve, por mais de algumas poucas horas.
A luta maior é com o
que não é nosso, e sim o que nos proporcionam de bom, mas por pouco tempo,
e antes que ocorra o chama “acomodar-se”,
precisamos fugir, porque não são nossas conquistas, é a conquista do outro.
Eu já ouvi milhões de
vezes:
Eu sempre te sustentei.
Eu já te dei mais de x
em dinheiro.
Eu já te dei de tudo.
Eu sempre segui de
mãos vazias e leves, porque não levo nada comigo que foi dado sem fraternidade,
a cobrança para mim é como uma traição.
E muitas das vezes
quando quero retribuir, sou “esculhambada”, e distorcem todas as minhas
atitudes e intenções.
Eu sei gritar,
caluniar, berrar, e ser burra como uma manada, posso me armar em matilha e em
leoas, bicho de outro planeta.
Mas sei como é duro a
humilhação de ter que ser “rasteirinha”e “humildizinha”, quando necessitei, quando
precisei, quando tive que pedir ajuda.
Eu já fui muito além do que se pode chamar
pobre, faminta, miserável e só quem anda com lobos sabe angariar o sustento do
dia a dia.
Devo-lhe dizer que sei
perdoar, por que já morri em muitas mãos, já fui peso nas costas de gente que
dizia que me amava, já fui cruz nas costas de quem se fui serva.
Já fui capacho e
tapete de muita gente, que se aproveitaram da minha bondade, origem , falta de
documentos, e falta de informação.
Eu poderia ter ficado
para sempre em Minas, nula e cega para a verdade da vida.
Mas a vida fez me ver
o mundo por outra dimensão, a busca, a dor, a vergonha da doença, a dor de ser
sempre chinelo no pé, a dor de ter que pisar na poeira e ninguém fazer-te de
guia para passar na escuridão ate chegar a casa, ou para pegar um ônibus.
NÃO!
Ninguém vai dizer-me que tem culpa do meu
sofrimento, que a vida é mesmo assim!
Mas muitos viram- me, passaram
por mim, comeram da comida que para mim já era pouco, beberam da água que eu
tinha que buscar no balde, dormiram na
cama que eu havia preparado para descansar.
Não posso chegar, agora,
e ter misericórdia do mundo por isto.
Não posso ter piedade
dos que sofrem, porque se eu estou aqui, muitos chegarão lá...
Não se trata de ter
humildade, trata-se de ter gratidão ,por todos que nos enalteceram e todos que
nos ludibriaram.
Este sim é o amor
infinito...
Porque a nação clama
por mais semeadores, por mais pescadores...
Mas cada vez mais
surgem entre os encarnados os ceifadores das sementeiras alheias.
Eu agradeço- te.
Eu rogo-te louvores e
luz em Deus meu Criador e Mestre Maior, por todas as horas e gotas de vida e
alimento que compartiu com meu corpo, alma e espírito.
Agradeço-lhe a tua
visão multidimensional e em abraçar minha causa, por ver e sentir a minha forma
frenética de viver e sentir a vida.
Agradeço-lhe o fim de
tarde, o cuidado elaborado de si, para receber –me, para minha chegada.
Agradeço-lhe, a tua
nobre riqueza espiritual em conseguir ver - me como sou, simples como sou, com
todas as minhas falhas de Santo André, com meus arranques de furacão verbal.
Sou os espelho dos meus genes, não posso fazer
engenharia –reversa de algumas partes das
minhas “neuromecânicas”.
Não vejo o mundo por uma visão linear e
plácida, vejo por um caleidoscópio Gigante e tudo gira muito rapidamente, não
tenho controle sobre muitas coisas.
Mas vejo, ouço e sinto
tudo com muita intensidade.
Mas não estou no mundo
para o imediatismo, estou para a plena emancipação em mim e no todo.
Somos todos uma rede,
mas muitos andam desconectados da Mater.
Att,
Dona Oncilda Pintadinha
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