sábado, 13 de junho de 2015

Como Nietzsche oponho-me a tudo o que diminui a vida. O trabalho não livre, o sacrifício, o tédio, a obrigação. Proponho o brinde, proponho a festa permanente. Não aceito que me roubem o tempo. Sou poeta, escritor. A isso me dedico. No entanto, jurei combater com todas as minhas forças a máfia capitalista. Daí que não possa levar uma existência normal. Daí que as palavras sejam armas. Entreguei-me à causa. Estou realmente numa fase esplêndida. Estou em forma, como dizia o meu pai. O meu querido pai. Oxalá estivesse aqui. As coisas começam realmente a correr. Sim, amo a vida sem restrições. Amo a festa, a celebração. Mas vejo as pessoas escravizadas pelas horas, pelo trabalho, pelos chefes. Mesmo aquelas que têm alguma consciência. Vejo as pessoas longe do xamã, longe da liberdade, a cumprir tarefas como autómatos. É claro que muitas já não têm salvação. Fazem parte do rebanho. E depois intrigam umas contra as outras e contra nós intelectuais e artistas. No fundo, não atingem o nosso pensamento. Continuam de um lado para o outro atrás do dinheiro mas, no fundo, não ganham nada nem sabem o que querem. Estão confusos, perdidos. Mandam palpites. Permanecem presos à Terra sem horizontes a não ser os filhos para os quais desejam dinheiro e sucesso. Não há qualquer perspectiva de enriquecimento pessoal, de busca do conhecimento. É sempre a mesma merda. Nada de grandes pensamentos. Só negócio. Só interesse. Nenhum sentido da dádiva. Vai rareando o amor, a amizade desinteressada. Só vendilhões do templo. Só merceeiros. Tudo se compra, tudo se vende. Estás à venda no mercado. E os senhores acumulam milhões. Não é justo. Porque aceitais isto? Que drogas vos dão? A TV, as novas tecnologias. Que mundo cão. Não sei porque é que só se fala em economia quando estamos perante a máfia e a escravidão. Que sol, que alegria vedes nisto? O que vos faz continuar? O que vos faz continuar a levantar a manhã e a trabalhar para o papão? O dinheiro? O dinheiro vai-se. É uma ilusão. Que gente esta que caminha para a morte.

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