domingo, 25 de outubro de 2015
BORRACHEIRA
Ontem apanhei uma borracheira das antigas. Cada vez me identifico mais contigo, Charles Bukowski. Sinto-me superior a tudo isto. No fundo, sou uma espécie de rei. As gajas excitam-me. E que importa se beber mais uma? Vou gastando o cacau em livros e em copos. Também o que esperavam de um poeta maldito? Que esperavam que eu dissesse deste mundo burguês, capitalista? Que não o amaldiçoasse? Que não o insultasse? Merda, de facto, estou para além. Nada tenho a ver com a vidinha. Sou de Quixote e de Guevara. Bebo porque não aguento esta pasmaceira. Bebo porque procuro o outro lado. Estou no Ceuta, à mesa, como Pessoa. Gosto de permanecer em certos cafés como o Piolho, como o Ceuta. Aqui leio, escrevo, encontro-me, faço a minha vida. Encanta-me a mulher que passa. Persigo a verdadeira vida. Não aquela que nos vendem. Efectivamente, fui abandonando o rebanho. Definitivamente. Tenho horror à "felicidade da maioria". Sou dos malditos. Nem sequer sou daqueles esquerdistas direitinhos. Não suporto esta "realidade". Estou sozinho no Ceuta. A música vem da TV. Aguardo as amigas. Os praxistas berram.
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
AS MENINAS NÃO VÊM
As meninas não vêm
o poeta desespera
há horas que está no café
a ler
a escrever
a beber cerveja
o poeta desespera
há horas que está no café
a ler
a escrever
a beber cerveja
agora sai mais um poema
o poeta observa
olha para a rua
as meninas não vêm
o poeta está triste
sente-se só
o barbudo entra.
o poeta observa
olha para a rua
as meninas não vêm
o poeta está triste
sente-se só
o barbudo entra.
domingo, 18 de outubro de 2015
MULHER SELVAGEM
De facto, não tenho a eloquência de outros. Mas na escrita tenho. E volto a trilhar novos caminhos. Influências de Bukowski. De novo. A gaja da confeitaria é selvagem e excita-me. Para a semana venho cá beber uns copos. Que se fodam as chochas da outra confeitaria. A vida é para ser vivida. É claro que há dias em que estamos fodidos da cabeça. Trabalha, pequena, trabalha. Trabalha que eu não fui feito para trabalhar. Nem para ouvir os imbecis da TV. Nem os outros imbecis em geral. Trabalha que eu sou doido. Não parece mas sou doido. Há dias, noites, em que sigo a estrada do excesso. E aí não preciso de cobertura mediática. Sou completamente doido, completamente fora. Até as comentadoras desportivas me excitam. Vou continuar a beber. Que se foda. O que é que tenho a perder? Até a tua esfregona me excita. Merda, vou continuar a beber. Afinal, sou o tal poeta. O poeta das gajas. Quero lá saber das feministas. Na segunda vou buscar o cacau a Vila do Conde. No fundo, vou fazendo mais ou menos aquilo que quero. Só não suporto que tratem mal a minha menina. Estão sempre a tratar mal a minha menina. Filhos da puta. Se estivesse nas minhas mãos tratava-lhes da saúde. Mas eu sei que a puta da revolução vem aí. A puta da revolução vem aí e vamos ser vingados, menina. No entanto, ainda tenho uns minutos para permanecer contigo, mulher selvagem. Falaste-me do vento. É um começo. Não sabes quem sou. Nem o que represento. És solta. És selvagem. És espontânea. Amo-te, porra. Amo-te neste momento. Mesmo que não conheças Platão nem Nietzsche. Neste momento amo-te. Daqui a uns dias talvez te esqueça. Como te disse, sou louco. Tenho em mim a doença de Zaratustra. Amo as mulheres. Uma data delas. Não me chameis machista. Sou louco. Apenas louco, apenas poeta. Que se fodam os ponderados e as meias-medidas! Que se fodam os racionalistas! Eu sou do além, das alturas. Uma espécie de deus. Porque não? Antes sermos os nossos próprios deuses. Eu vou reinar. Eu vou triunfar. Nada me pára.
sábado, 10 de outubro de 2015
VIRGÍNIA
A Raquel a vender erva
no Bairro Alto
alucinada
o Garcia a recitar Pessoa
tu e eu a distribuir panfletos
tu a catequizar os putos
eu a carburar, a provocar
chamaram-me comuna e filho da puta
hoje aqui a subir
no meio da ignorância
a curtir a música
esta gente elegeu o Passos
continuam lá os mesmos filhos da puta
não, não sou democrata
esta gente explora
esta gente escraviza
esta gente matou o Che
matou os meus camaradas
valha-me a arte
valha-me a música
para poder dançar
celebrar o dia
independentemente desses cabrões
esses cabrões não me fodem a alma
e esta gente continua aqui
sempre igual
sempre servil
sempre estúpida
a votar nos mesmos gajos
a máquina lava-lhes o cérebro
não, há um lugar para nós
um lugar livre
um paraíso
onde podemos ficar
a dizer poemas
a contar histórias
sim, façamos o banquete
definitivamente não somos como eles
somos de outra espécie
nascemos de outra estrela
percorremos outra estrada
temos pena
podemos até sorrir-lhes
mas não somos daqui
inventámos novos mundos
novos céus
novas galáxias
está tudo cá dentro
também estou farto de certos poetas, sabes
é só técnica e uns floreados
não têm verdadeiramente alma
nem sangue nem esperma
não transmitem uma mensagem
sabes, não sei como me hei-de dirigir
a esta gente
claro que há gente boa, honesta, simpática
mas, sabes, parece que me estou
a transformar outra vez
parece que a luz veio ter comigo
que a mente se eleva
mesmo sem LSD ou mescalina
e até parece que me esqueço das horas
e até das pessoas que me rodeiam
que importa a loira que já
não me fala?
Que importam estes cabrões
que castram?
Eu estou aqui vivo
inteiro
e vou prosseguir aqui
por uns anos
a escrever
a publicar
a lutar contra os moinhos
porque eu era esse menino
que brincava com os irmãos
eu era esse menino
que dava a mão à Virgínia
eu era esse menino
em quem os pais
depositavam muitas esperanças
e que se tornou um beatnick
um não-alinhado
e que agora nada tem a perder.
no Bairro Alto
alucinada
o Garcia a recitar Pessoa
tu e eu a distribuir panfletos
tu a catequizar os putos
eu a carburar, a provocar
chamaram-me comuna e filho da puta
hoje aqui a subir
no meio da ignorância
a curtir a música
esta gente elegeu o Passos
continuam lá os mesmos filhos da puta
não, não sou democrata
esta gente explora
esta gente escraviza
esta gente matou o Che
matou os meus camaradas
valha-me a arte
valha-me a música
para poder dançar
celebrar o dia
independentemente desses cabrões
esses cabrões não me fodem a alma
e esta gente continua aqui
sempre igual
sempre servil
sempre estúpida
a votar nos mesmos gajos
a máquina lava-lhes o cérebro
não, há um lugar para nós
um lugar livre
um paraíso
onde podemos ficar
a dizer poemas
a contar histórias
sim, façamos o banquete
definitivamente não somos como eles
somos de outra espécie
nascemos de outra estrela
percorremos outra estrada
temos pena
podemos até sorrir-lhes
mas não somos daqui
inventámos novos mundos
novos céus
novas galáxias
está tudo cá dentro
também estou farto de certos poetas, sabes
é só técnica e uns floreados
não têm verdadeiramente alma
nem sangue nem esperma
não transmitem uma mensagem
sabes, não sei como me hei-de dirigir
a esta gente
claro que há gente boa, honesta, simpática
mas, sabes, parece que me estou
a transformar outra vez
parece que a luz veio ter comigo
que a mente se eleva
mesmo sem LSD ou mescalina
e até parece que me esqueço das horas
e até das pessoas que me rodeiam
que importa a loira que já
não me fala?
Que importam estes cabrões
que castram?
Eu estou aqui vivo
inteiro
e vou prosseguir aqui
por uns anos
a escrever
a publicar
a lutar contra os moinhos
porque eu era esse menino
que brincava com os irmãos
eu era esse menino
que dava a mão à Virgínia
eu era esse menino
em quem os pais
depositavam muitas esperanças
e que se tornou um beatnick
um não-alinhado
e que agora nada tem a perder.
Vilar do Pinheiro, 3.10.15
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
O NO FUTURE E A REVOLUÇÃO
A grande maioria dos jovens anda confusa. Não sabe bem o que quer. Agarra-se aos copos. Não há futuro. A vida tornou-se esquizofrénica. Uma sucessão de imagens, de smartphones, de facebooks, de publicidades, de propaganda. É um mundo louco que promete desemprego, trabalho precário, trabalho escravo, um mundo que outros vivem por nós. É um mundo que nos põe num atropelo, numa corrida louca, permanente, em busca do prémio, do troféu, da recompensa, ou seja, do estatuto, do poder, da carreira. Regredimos. Tornámo-nos mais animalescos. O capitalismo é mais feroz, mais feroz do que no séc. XIX. As pessoas estão cheias de medo, cheias de medo também umas das outras. Curiosamente, umas até gritam "vêm aí os comunas!Vêm aí os anarcas!". Cheias de medo. É claro que se somos revolucionários, viemos fazer a revolução, não viemos beber copos de água. No entanto, esta gente prossegue com o Porto e o Benfica, com a vidinha de todos os dias, sem uma visão de conjunto, a votar no facho do Passos e noutros que lhes têm roubado a vida. É uma barca de loucos. Onde a depressão e o suicídio aumentam assustadoramente. Onde, de facto, a vida normalmente não presta. Há pessoas. Claro, há pessoas de bem, de coração, que nos ouvem, que nos compreendem, que dialogam connosco abertamente, que fazem o banquete. Mas ainda somos poucos. No entanto, qual é o problema de apelar já à revolução? O que temos a perder, companheiros? O que nos dá esta vida de dinheiro e de intriga? O que nos adianta passar a vida a falar de números e de economia? O que nos adianta sermos iguais a eles? Porra, camaradas, sejamos os nossos próprios deuses, celebremos a vida na praça.
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
DE DALI
Já tive acesso aos media locais, regionais e nacionais. Falta-me talvez uma SIC, uma TVI. De qualquer modo, julgo que, sem ser um político tradicional, tenho coisas a dizer que muitos não dizem. Claro que tenho os meus mestres. Claro que me baseio em Guy Debord, Raoul Vaneigem, Marcuse, Sartre, Erich Fromm, Aldous Huxley, Agostinho da Silva, Nietzsche, Platão, Bukowski, Henry Miller ou Jim Morrison. Todavia, vejo, pelo menos aqui em Portugal, muitas poucas pessoas defenderempublicamente ideias semelhantes às minhas. E, no entanto, estou convencido de que tenho razão. Posso nem sempre defender-me da melhor forma. Posso nem sempre ter a retórica. Mas, porra. Eu tenho andado inclusive por estradas erráticas, eu tenho procurado a iluminação em copos de cerveja mas eu não sou, nunca fui um vendido, um convertido ao sistema. Por isso não sei o que esses escritores que inventam umas historiecas têm a dizer a mais do que eu. Não sei realmente o que as pessoas vêem neles. Não sei que luz, não sei que bênção os distingue de mim. Eu que já atravessei para o outro lado, que me julguei Deus e o Diabo, que tive visões e iluminações, que percorri o deserto. Não, não é a esses que me devo comparar. Eu sou dos mestres. Eu procuro o infinito. Há coisas que ainda me prendem à terra, nomeadamente a política, mas eu sou do surrealismo de Dali, das vacas voadoras, dos relógios pendurados nas árvores. Sim, há uma válvula no meu cérebro que se solta e então eu fico doido, não tenho limites. Talvez ainda não tenha sido capaz da grande criação, da louca criação. Contudo, sei que faço parte dos eleitos. Por isso acho muita desta gente, a começar pelos políticos lavadinhos, absolutamente limitada e quadrada. Porque não explode, porque não arde, porque não vibra. Porque realmente não transgride, nem conhece, nem quer conhecer o outro mundo. Ficarão sempre agarrados às posses, ao dinheiro, ao trabalho forçado e ao tédio. Nunca experimentarão a novidade, o inesperado, o diferente. Nunca apanharão a grande bebedeira. Por isso são diferentes de nós e daqueles que sigo. Por isso nunca sairão da mediania.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
UMA NOVA LUZ
Uma nova luz que brilha. A mente que se abre, que cria. Não preciso mais de vós, ó merceeiros. Sou a criança eterna. Andais para cima e para baixo e eu com a Gotucha. O mundo interior encontrou a beleza. Já não preciso de procurar os media. Sou uma espécie de profeta. Dirijo-me ao mundo. Há dilúvios em mim. Solto os fantasmas. O homem é muito mais do que a "realidade". O homem é explosão, é ideia. Não preciso escutar as vossas conversas. Não quero ser normal. Teria vergonha. Sou tão diferente de vós. Tenho os meus companheiros, as minhas companheiras. Estou irmanado com a loucura. Não me apetece a vossa "realidade". Não me apetecem as vossas obrigações e sacrifícios. Escrevo livremente. Crio. Falo da vida nova. As portas abrem-se para o Grande Meio-Dia. Sim, eu era diferente. Eu falava pouco. Eu observava. Depois abandonei o rebanho. Segui o caminho que conduz a mim mesmo. E realmente há coisas em que deixei de alinhar. E realmente há coisas que recuso fazer. E realmente não vou atrás da manada. E realmente vou chegar onde quero.
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