sábado, 18 de julho de 2015

O ABSURDO

Continua a trocar-se dinheiro por coisas. Assim prossegue a vida. Não deixa de ser absurdo. Outros matam por Maomé e Alá. Outros continuam a negociar tudo. Não creio que tenha sido por isso que o homem veio ao mundo. Até porque o empregado do Candelabro me ofereceu uma cerveja. Ainda há gestos de dádiva. O homem veio ao mundo para se realizar. Veio para conhecer, veio para a demanda, veio para a glória. Por isso brincava e jogava na infância, por isso tinha curiosidade, por isso fazia da vida um experimento permanente. Nada disso tem a ver com poder, nada disso tem a ver com dinheiro. Por isso falamos, com Nietzsche, do feriado permanente, da festa permanente. Por isso nos opomos ao trabalho forçado e obrigatório. Tem de haver uma comunhão do nosso mundo interior com o mundo exterior. Uma comunhão da beleza, da arte com o espírito. Mas, infelizmente, poucos compreendem isto. Continuam agarrados ao dinheiro e ao trabalho. Continuam agarrados à troca e ao consumo. Pouca gente filosofa. Pouca gente lê os filósofos. Não procura a maravilha. Associa-a a Deus e a superstições. Quando ela está dentro de nós. Temos uma grande alma, um grande coração, uma mente prodigiosa. Bom, pelo menos alguns de nós. E não fazemos uso deles. Deixamo-nos levar pelas fantasias dos políticos, do mercado e da finança. Não somos livres. Não nos realizamos, não desenvolvemos as nossas potencialidades, não somos os nossos próprios deuses.

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