sexta-feira, 19 de agosto de 2016
DO AMOR
O amor, sim, o amor não é uma questão individual. Nem é somente uma questão a dois. O amor é uma questão da sociedade. Uma sociedade que não sabe dar amor é uma sociedade doente. É uma sociedade amputada. A sociedade não tem só que resolver os problemas dos direitos individuais e colectivos. A sociedade deve ser emoção, afecto. Não pode ser artificial, gélida. O amor diz respeito à sociedade, ao indivíduo, à comunidade. O amor fortalece-nos. Dá-nos vida. Eleva-nos. O amor é a solução.
domingo, 14 de agosto de 2016
MIÚDA LINDA
A miúda linda que está à minha frente mexe no computador. Agora fala ao telemóvel. Oxalá fosse minha. Sou preguiçoso nas tarefas domésticas. Á parte isso tenho poderes. Vou muito longe. Vou do céu ao inferno. Brilho. Não sou o homem comum. Acho ridículos o dinheiro e o mercado. Acho absurda a luta pela vida, a vida de escravos. Mas também acho ridículas as historietas que esses escritores escrevem. O ponto fulcral está na vida que levamos. Até posso estar sentado à mesa num café de Braga a escrever sem que se passe nada de extraordinário mas sei que, pelo menos, estou a viver e a observar as miúdas lindas. Não preciso de estar sempre em êxtase. Eu sei que não estou a lutar por nada, que não estou envolvido em nenhuma competição, que não procuro nenhum prémio. Conquistei o meu espaço, não tenho um trabalho imposto, pouco ou nada tenho de imposto. No fundo, sou uma espécie de deus, de senhor. Um senhor sem escravos. Tem sido um longo caminho desde os 18 anos, desde que comecei a sair à noite em Braga, desde os Doors e os Pink Floyd, desde as primeiras leituras. Depois vieram as patadas, as grandes depressões, as alucinações. Sim, vivi muito. Vivi a santa loucura. O álcool, os vidros partidos, as ameaças, as bebedeiras. A puta do rock n' roll. Que vida! Só que há dias em que ando adormecido. Em que me sinto fraco. Em outros, pelo contrário, cavalgo o apocalipse. Os guerrilheiros, os atentados vivem em mim. Até parece que comando exércitos. E não me venham dizer que são alucinações. É mais do que isso. É Artur. É o Graal. Sou aquele que arde. Sou aquele que bebe do infinito.
domingo, 31 de julho de 2016
O PREÇO CERTO
São empresárias. Arriscaram. Têm sucesso. Nascidas para vencer. Implacáveis. Doentes, coitadas. Subiu-vos à cabeça. Sois umas tolas. Não sois do meu mundo. Eu sou o rei. A gentalha desce. Celebra. O palhaço gordo. As gajas boas. É o fim, amigo querido. O caminho da imbecilidade. Rio. Gozo. Primarismo intelectual. "O Preço Certo". Primatas. Ai, céus, eu poderia ser Deus. Só preciso de umas gajas como a Lenka, como a Minka. Presentes para o gordo. Champanhe. O gordo engorda. A populaça. É uma alegria. A populaça bate palmas. Já cá faltava o presidente da Junta. Mais presentes para o gordo. O gordo explode. Nossa Senhora. Tanto imbecil. Sobram as gajas. Fala para aí, ó gordo, enquanto eu bebo. Porra, pá, os gajos só te dão presentes e vinho. Passa para cá. E a gaja manda beijinhos para toda a gente. É só amor. E o outro atrasado mental. O que é faz na vida? Conspiro, ó imbecil. Estou a fazer uma análise sociológica do teu programa. Foi o curso que tirei na Faculdade. Ganhou uma frigideira o atrasado mental. Acerta no gordo. Acerta nas mamas. Morte ao gordo e a todos os imbecis. Viva o atrasado mental. Publicidade.
segunda-feira, 4 de julho de 2016
GLÓRIA
Finalmente, a glória. Outra vez a glória. Em Braga, no Juno. Miúdas em transe, miúdas a abraçarem-me. Ao som de mim, ao som do Jim. Em Braga arde sempre mais. Foi um happening. Apocalipse Now com a Rosa pelo meio. Agora reino no apocalipse. Podeis vir, ó censores, com competições, com atropelos, com lutas pela existência. Eu estou para lá. Não sou do vosso código, do vosso ADN. Eu estou em glória e quero transmitir a minha glória aos meus companheiros e companheiras e a outras e outros que o mereçam. Não, já não vou em futebóis. Nem em triquinhas de terceira. Reino, como Artur em Camelot. A glória. Outra vez a glória. E as gatas passam diante de mim. O meu reino perdido em Braga.
sábado, 11 de junho de 2016
LOUCO
Louco. Sou o mais louco. Se soubésseis. Sou como Mário de Sá-Carneiro ou Salvador Dali. Visto esta pele de senhor respeitável. 48 anos. Mas, na verdade, apetece-me desatar aos berros, aos poemas doidos. Não tenho limites. Olhai, até já fui candidato a Presidente, a deputado, a presidente de Câmara. Contudo, não suporto esta realidade. Apetece-me pintá-la de amarelo. Que surjam unicórnios e duendes! Que tudo se vire do avesso! Olhai, oxalá andasse sempre bêbado, a cantar na rua, a insultar Deus e os poderes. Olhai, sou mesmo louco. Faço piruetas, equilibrismo. Os normais aborrecem-me de morte. Sou louco, sou o mais louco de todos.
quarta-feira, 25 de maio de 2016
O IMPÉRIO ACABOU!
Revolução. Ressurreição. Auto-sacrifício apocalíptico. Jesus e Satã. Regresso ao Paraíso. Todo eu sou luz. Todo eu sou vinho. Dai-me mulheres belas. Deixai-vos de conversas tolas. Todo eu sou sangue, incêndio. Vendilhões, ides conhecer a minha ira! Nem vós vos safais, ó criaturas da vida tranquila. O whisky jorra. Trago a espada. Não suporto formigas agarradas ao dinheiro. Eu vim cantar e celebrar a revolução. Eu vim insultar os credos e a moral. Eu vim para além do bem e do mal. Não suporto as vossas conversas. Reino. Gozo. Sei. O Império acabou!
segunda-feira, 16 de maio de 2016
A VIDA É NOSSA
Braga. Hoje faço 48 anos. Já não sou um jovem. Tenho-me dedicado a observar o homem e o mundo. Para quê tanta pressa, tanta sofreguidão? Para quê perseguir a recompensa que nunca mais vem? Ou então olhar para aqueles palhaços imbecis na televisão ou para as vedetas que vivem por nós. Não, não vim para isto, tenham paciência. Aprendi com outros a liberdade. Não vim atrás da felicidade da maioria, nem vim dizer banalidades. Acredito num homem infinito, absoluto, num homem capaz de se transcender. Não sou dos macacos que seguem e trepam. Sou do homem que bebe e voa. Aos 48 anos publiquei livros, fiz performances, disse poesia, publiquei em jornais, revistas e fanzines, participei em actos revolucionários. Fiz o que havia a fazer. Cometi os meus erros, naturalmente. Não me arrependo. Nunca me vendi. Não sou como essas patas-chocas da TV. Claro que preciso de ir à TV dizer a palavra. Dizer o que os outros não dizem. Segui o caminho dos malditos. Nada a fazer, minha rica. Eles bombardeiam-nos todos os dias. Eles tentam fazer-nos a cabeça todos os dias. Docemente. Suavemente. Temos de contra-atacar. A Vida é nossa.
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